Espancada, xingada, estuprada, assassinada. Faca, murros, tiros, atropelamento, chutes. Marido, namorado, caso, ex, conhecido, desconhecido. São inúmeras as notícias diárias de mulheres vítimas de violência, são incontáveis os BOs registrados Brasil afora sem nenhuma resposta, são intermináveis as histórias de dor, descaso e preconceito vividas por mulheres de todas as idades e classes sociais.
Somos alvo desde cedo de preconceito apenas por sermos do sexo feminino. Deboches, piadas, assédio moral por usarmos batom, por não usarmos maquiagem, por gostarmos de jeans, por não usarmos jeans. Por sermos magras, gordas, negras, brancas, baixas, altas. Não importa. Ser mulher é ser ridicularizada em algum momento da vida.
Atravessei quatro décadas e posso dizer com toda certeza que quase nada mudou em relação ao volume de casos de violência e preconceito – não estou falando estatisticamente. O que tem mudado nos últimos anos é a visibilidade do absurdo vivido por nós, mulheres. Estamos mais conscientes, conseguimos reagir, erguer a voz por aquelas que, independente do motivo que têm, ainda não conseguem reagir. Mas ainda temos muito chão para percorrermos rumo ao respeito que todas nós merecemos, assim como todo ser humano independente do sexo, da identidade.
Nós, mulheres, temos muita responsabilidade nessa mudança. Já pensou no quanto poder detemos em casa, na criação de filhos – para quem é mãe, na conversa com sobrinhos, criança, jovens de todos os sexos? Sim, porque o machismo tem que acabar também entre as mulheres. Ah, claro, isso não é fácil, eu bem sei, minha cara. Mas se não começarmos isso agora, quando iremos ter resultado e um mundo menos ameaçador para quem está nesse mundo cheio de Marias oprimidas por Josés? Vamos juntas, assim fica mais fácil para todas nós.