Quem é que não tem uma vergonha de estimação que sua mãe ou pai fez passar quando criança ou adolescente? Eu mesma tenho várias. Mas vou falar apenas de uma dessa coleção. Minha mãe gosta muito de plantas. Sabe muito? A casa dela não tem um jardim, mas uma floresta com espécies variadas. O local funciona também como um hospital, plantinhas dadas como mortas renascem para dar alegria a quem aprecia a vida vegetal.
Como nasceu a jornalista
Desde criança tenho grande admiração pelos professores, por essa profissão que transforma vidas, que traz luz à ignorância. Minhas irmãs e eu montávamos o cenário de escolinha: papéis, lápis, canetas coloridas e tocos de giz. Lembro-me do dia que nossa mãe puxou uma lona preta no corredor entre o muro e a casa e fez uma sede para nossa escola. Ali foi fermentada a minha vontade por “ensinar”. Eu sempre gostei muito de ler. Ficava ansiosa todo início de ano para receber os livros didáticos. Era um ritual: colocava um ao lado do outro em cima da cama e, claro, começava pelo livro de Português.
Infância compartilhada
Se tem alguma criança que não sonhe em ter uma bicicleta, eu desconheço. Quando pequena era tudo o que eu queria, mesmo morrendo de medo de cair. Eu fui uma criança muito medrosa. Tinha medo de absolutamente tudo. Mas sonhava em ter uma bicicleta para andar na rua, no nosso pedaço da rua José Bonifácio.
Além do salão de beleza
Assisti ao ‘Felicidade por um fio’, da Netflix, após indicação da querida Êrica no Blog Ré Menor. Meu objetivo era apenas distração, queria algo leve e só. Mas nos primeiros minutos do filme eu percebi que não seria apenas diversão.
A protagonista – uma publicitária bem sucedida – desde criança tinha como objetivo ser perfeita em tudo. Desde a aparência física até o comportamento na fila do pão. A mãe dela a fez pensar que ser assim a livraria de sofrimentos e a levaria ao sucesso, que nesse caso se traduz em um “bom casamento”. Para garantir isso, a moça estava sempre impecável, inclusive antes de se levantar pela manhã. A principal obsessão dela era o cabelo que, crespo, mantinha sempre lisinho.
Amores de outubro
Porto Velho, onde nasci e vivo desde sempre, completa nesse 2 de outubro 104 anos de criação. Há 11 anos eu produzi e escrevi um especial para o jornal Diário da Amazônia sobre essa efeméride. Na época era repórter e pedi ao meu editor que me autorizasse a fazer o suplemento comemorativo. A pauta: queria falar sobre o que é ser porto-velhense, fazer com que o leitor se identificasse. Não contar apenas a história da cidade, mas das pessoas – os hábitos, as tradições, o seu jeito de falar.
Minha primeira e difícil mudança
Eu nasci e vivi até os 13 anos na rua José Bonifácio, bairro Pedrinhas, em Porto Velho. No centro do mundo, do meu mundo. No dia que papai colocou a casa à venda minhas irmãs e eu ficamos bem descontentes. Mas ninguém ficou mais desesperada do que eu.
No dia da mudança, lembro-me bem, me agarrei ao telefone e não queria largar, falando com uma grande amiga – da qual não tenho notícias há uns 30 anos, pelo menos -, seria o fim da minha vida viver longe dela, oh Deus! Eu chorava, esperneava em cima do caminhão da mudança. Que cena!
O cheiro da toalha azul
Alguns sabores e cheiros trazem lembranças para você? Sim, né? Acho que todo mundo tem esse baú de recordação. Cheiro de pão com manteiga molhado no nescau me remete à lancheira do pré-escolar. Nossa! O cheiro é muito específico. Ficava impregnado na toalha que eu usava para cobrir a mesa e então merendar no Jardim de Infância Branca de Neve – que está de pé até hoje recebendo “o futuro do Brasil”.