Os 50 anos chegaram e eu não estava preparada

O tempo sempre passou com suas horas sem eu nunca ter me dado conta de que ele estava contando cada uma delas. Essa despreocupação durou até os meus 25 anos, quando nasceu o João Pedro, meu filho. Como toda mãe, o medo do tempo daquela criança passar e eu não ver era constante. E foi isso mesmo que aconteceu. As horas passaram, os dias voaram, os anos se esgotaram naquele conta-gotas finito.  Leia mais

Minha amiga Golby

Não lembro quando Golby e eu nos conhecemos. A única certeza que tenho é onde. O Twitter nos aproximou na época que a rede do passarinho azul ainda era amigável, acho que há uns 12 anos. Golby, assim como eu, é porto-velhense, mas mora em Rio Branco há décadas. Por motivos que não lembramos, nunca nos encontramos pessoalmente, mesmo morando a apenas 500 quilômetros de distância. Leia mais

Presente de Páscoa

Domingo de Páscoa. Recebemos, no portão, um casal de amigos queridos. Trouxeram ovos de chocolate feitos pela Suelen. Ela adora presentear. É artesã de mão cheia, criativa e inquieta. Mesmo com o Pierri grudado, ela conseguiu produzir dezenas de doces para parentes e amigos. Ficamos na calçada de casa. Todos de máscaras e distantes. Quem passava na rua estranhava o grupo mascarado e falante, percebi nos olhares. Leia mais

A boia da existência

A vida sem esperança é como um jardim com plantas de plástico. Como levantar da cama pela manhã sem a expectativa de que o dia poderá trazer uma boa notícia, sendo ele – o dia – a própria esperança?

Não é fácil estar num dia assim, acreditando que o nada é a melhor companhia. Nesse ano que está quase no fim, houve muitas manhãs, tardes, noites e insones madrugadas perdidas na desesperança. Leia mais

Renascer

O renascimento é diário.

Todo dia podemos florescer ou secar.

A escolha sempre será nossa.

A vida não tem fim (Ilustra: Flávio Wetten)

O macacão da reflexão

O dia 9 de março passado foi muito esperado por todos nós (três!) aqui de casa. O João Pedro finalmente iria iniciar um curso técnico na área que inspira realizações. No final de semana anterior ao grande dia, fomos ao shopping comprar camisetas novas. Numa das lojas que entramos, fiquei encantada com um macacão que era do jeito que eu não estava precisando, lindo como eu imaginei que queria e com a etiqueta decisiva ‘Liquida’.

Hoje, ao abrir o armário para pegar uma camiseta, me deparei com ele, o macacão que eu comprei “porque sim” há um mês e nunca usei.

As camisetas novas do João Pedro não foram inauguradas. Não deu tempo de usar todas no curso, nos únicos seis dias de aula. A quarentena se estabeleceu e tudo mudou.

Um macacão no fundo do armário, um curso sem aulas, camisetas nas gavetas. O que é isso diante de tudo o que vem ocorrendo nas últimas semanas no Brasil? Isso mesmo! Não é nada!

É uma pequena reflexão sobre a nossa quase que total falta de controle sobre a vida. Digo quase porque podemos controlar algumas coisas sim! Podemos escolher ser pacientes e gentis, generosos e bem humorados. Podemos nos calar diante da vontade de criticar, podemos ser pessoas melhores.

Nossa, mais que clichê, hein?

E não é? O que estamos vivendo hoje no planeta é um lugar comum daquelas palestras de coaching 0800. “Perceba o que o universo quer de você, qual recado está enviando nesse momento?”

E vamos ouvir esse grande coaching que é o coronavírus: volte para casa, repense seus hábitos, reveja conceitos, recrie rotinas e perceba o que realmente tem valor.

No dia que eu aprender essa lição e poder sair de casa, vou de macacão novo.

Vida sem egoísmo

Cada vida vale.

A do idoso que vive com a saúde debilitada, a da criança que corre cheia de energia, a do garoto que disputa a atenção dos colegas, a do adulto que se divide entre a preocupação com a saúde e a manutenção financeira.

Não importa se negro, branco, feio ou belo. Estar vivo importa. Toda vida tem seu valor. Seja a do sacerdote que aconselha paciência para as horas de angústia, seja a do incauto que avança sobre o direito do outro.

Moradias simples, casas confortáveis, apartamentos luxuosos ou o banco da praça abrigam vidas em metrópoles ou no interior. Aqui ou na Europa, na Ásia ou na África. Não importa onde. Seja onde for toda vida vale.

O doente tem o direito (e o dever!) de querer a saúde assim como o são tem quase uma obrigação de se manter saudável. Relativizar mortes de acordo com idade e classe econômica tem tom de psicopatia no momento em que se pensa apenas em si em detrimento do outro.

Vivemos na matéria e precisamos nos manter vivos, mas que isso não represente a morte da solidariedade. Pela humanidade, devemos cuidar da vida de todos nós.

Sem remorso e adiante

Na estrada da vida não devemos perder tempo na rotatória do remorso e nem nas encruzilhadas da mágoa.

O tempo perdido em remordimentos nos aprisiona no passado e o caminho para o futuro não tem retorno. É sempre adiante. O trajeto é construído durante a caminhada e os atalhos são armadilhas. Se caiu nelas, reveja o mapa e siga em frente.

Quanto antes nos livrarmos do remorso, da culpa e da mágoa mais leves ficaremos para a jornada.

Se errou, se desculpe. Se foi magoado, perdoe.

Dinâmica da felicidade

“O que te fez feliz hoje?”, essa pergunta e as dezenas de respostas que se seguiram a ela me fizeram ter certeza de que a vida é feita de momentos muitos singelos aos quais damos alguma importância. Mas não é sempre que estamos conscientes de que algo como tomar café da manhã sem pressa pode ser prazeroso. A pergunta fazia parte de uma dinâmica de grupo da qual participei.

A minha resposta foi: “Ter dirigido de casa até aqui. Moro em São José e é a primeira vez que dirijo na Ilha na hora do rush!”.

E os momentos de felicidade foram os mais variados: ter dado conta de cumprir todas as tarefas que se propôs para aquele dia; ter conseguido chegar a tempo à reunião mesmo saindo com pouca antecedência; ter entregue a dissertação; ter finalizado o TCC; ter reencontrado um amigo de infância que não via há anos; ter conversado um tempão com uma irmã ao telefone…

E foram quase 50 motivos de alegria, felicidade, bom ânimo. E há milhares deles.

A vida é simples e a dinâmica da felicidade – essa “mais fácil”, não aquela que ficará mais para adiante, está em observarmos e estarmos presentes em cada momento.

A nossa presença em nossa própria vida faz diferença.