No dia 30 de dezembro de 2018 saímos de Porto Velho rumo à São José. Não tínhamos casa, o plano era chegar, visitar imóveis previamente selecionados, escolher e então nos mudarmos. Tudo isso em uma semana. Os primeiros dias não foram fáceis, apesar da vista. Mas como sempre acontece, as coisas se ajeitaram.
Condutor da mudança

Dias atrás, após ouvir um homem comentar que as coisas não eram fáceis para ele porque já havia passado dos 60 anos de idade, parei para pensar e me dei conta que em nenhum momento, até ali, eu havia perguntado ao Zé Carlos se a mudança de Rondônia para Santa Catarina não o intimidava. Afinal, ele estava próximo dos 63. Não vejo problema algum em estar envelhecendo, ao contrário! Sessenta anos são o novo 40tinha com alguns bônus.
Severino quer mudar
Tenho uma família relativamente grande, se considerar tios e primos com os quais não tenho ou nunca tive contato algum. Mas se contar apenas os próximos é bem pequena, mãe, irmãos e sobrinhos – e agora minha tia, que está bem próxima. Mudei-me para Santa Catarina e ela mora ali, na Ilha, e eu aqui, no Continente. Coisas da vida.
Viagem de 120 horas com dois cachorros


Nossa maior preocupação para a viagem de mudança era o Argus Maximus e a Azula Dora Milaje, nossos cãezinhos. Como eles reagiriam a 5 dias dentro de um carro sem passar mal, enjoar e nos incomodar, claro, com choro e birras? Pesquisamos sobre viagem de carro com cachorro e a maioria das experiências era de curta duração, nada perto das 120 horas que encararíamos.
Três mil 450 km de mudança

Saímos no domingo, dia 30/12, bem cedinho. No sábado, passamos o dia cuidando de colocar tudo no bageiro do carro. Para isso contamos com a família. Cada um foi fundamental para que tudo desse certo. Última noite em Porto Velho passamos na casa da Kárita, João Pedro dormiu na casa do Fábio, Azula e Argus ficaram na agora ex-casa.
Do Norte para o Sul
2018 chegando ao fim com grandes mudanças. Quase 3,5 mil quilômetros de mudança. Sair do Norte e ir para o Sul nunca foi minha intenção até conhecer Florianópolis em janeiro de 2012. A paixão surgiu assim, instantaneamente, o amor fixou morada em pouco tempo e o desejo de morar nesse lugar encantador foi se firmando com o passar dos anos.
A história da casa
Há 10 anos nos mudamos para a rua Bandeirantes. Era o começo oficial de uma nova família. Estávamos morando juntos há alguns meses, mas de forma improvisada na kitnet do Zé Carlos. Dois adultos e uma criança. Nada parecido com o quarto apertado de décadas passadas, claro.
Foi uma verdadeira saga até, enfim, mudarmos para nossa casa. Para começar, foi difícil encontrá-la. Procuramos nos bairros que queríamos morar, e nada! Levamos cano de muito corretor, que marcava e não aparecia. Visitamos casas esquisitas e outras cheias de energia desagradável. Eu não aguentava mais tanta demora. Precisava entregar a minha ex-casa para o novo dono. Então não teve jeito. Fomos João Pedro e eu para o apêzinho do Zé Carlos.
Viagens que me escolhem
Há alguns anos, tomei gosto por viajar e passei a me organizar para isso. Anotava feriados, possíveis folgas e planejava a viagem, mesmo sem saber ao certo o destino. Dependia do preço da passagem. Queria ir a São Luís, mas não dava? Opa, vamos então para Aracaju. Preços estão ótimos e podemos aproveitar para ficarmos uns dias em Salvador. E assim foi feito. Teve um ano que fomos duas vezes a Mato Grosso, passagens baratíssimas e feriados não faltavam. Mesmo estado, destinos distintos: primeiro, Chapada dos Guimarães e no feriado seguinte fomos conhecer as águas transparentes de Nobres.
Minha primeira e difícil mudança
Eu nasci e vivi até os 13 anos na rua José Bonifácio, bairro Pedrinhas, em Porto Velho. No centro do mundo, do meu mundo. No dia que papai colocou a casa à venda minhas irmãs e eu ficamos bem descontentes. Mas ninguém ficou mais desesperada do que eu.
No dia da mudança, lembro-me bem, me agarrei ao telefone e não queria largar, falando com uma grande amiga – da qual não tenho notícias há uns 30 anos, pelo menos -, seria o fim da minha vida viver longe dela, oh Deus! Eu chorava, esperneava em cima do caminhão da mudança. Que cena!
No aguardo
Minha casa está à venda há dois meses, nesse período muitas pessoas entraram em contato, algumas visitaram o imóvel, outras marcaram e não apareceram.
Eu apenas sorrio e aceno, pacientemente, aguardando o novo proprietário chegar.