Ir para o banho* sempre foi um acontecimento. Quando meu pai avisava que domingo iríamos para o Periquitos – oh, quanta expectativa! “Vamos dormir para amanhecer logo” – dizíamos.
Descer de boia no rio, correr pela beirada, subir o barranco, saltar na água. Que delícia de vida. Minha relação com rios, igarapés e seus parentes é de encanto, sou atraída por eles, mas até certo ponto. Meu sonho é vencê-los a nado. Aqui uma pausa para muitos risos. Não sei nadar!
Há algumas décadas quase desapareço em um açude numa pequena cidade de Mato Grosso. A cena inesquecível lembra filme de terror. Eu me debatendo na água via as pessoas conversando na margem, ouvia suas risadas e ninguém percebia o que estava acontecendo comigo. Depois que voltei para casa me inscrevi num curso de natação. Tinha mais criança do que água na piscina, não desisti. Pelo menos aprendi a mergulhar sem precisar apertar o nariz com a mão.

Esse medo é útil. Força-me a ser cautelosa, no entanto, não me impede de entrar na água, de me cobrir de paz e de me sentir em harmonia comigo mesma.
*Balneário, em portovelhês