“Pra que, essa ansiedade, essa angústia?” – pergunta, como se estivesse num conto de fadas, o general da ativa que ocupa o cargo de ministro da Saúde do Brasil. Diante da pergunta totalmente deslocada da realidade, eu fiquei (por dois segundos) sem acreditar, apesar de ter todos os motivos para crer que sim, era real.
Zé Gotinha, o sensato
O Zé Gotinha é o símbolo do Brasil que se comprometeu com a Ciência quando a poliomielite ameaçava a vida de crianças e alguns pais resistiam à vacinação. O personagem foi criado para atrair as crianças até o posto, era o amiguinho engraçado e legal que pingava a gotinha salgada e balançava o cabeção.
Enquanto uns negam, milhares morrem
No começo da pandemia, com tudo tão mais incerto quanto agora, muito se falou na mudança que o isolamento social poderia influenciar no comportamento humano. As dificuldades de quem tem menos tocariam profundamente quem tem mais, geraria empatia em todos e em pouco tempo seríamos novas pessoas. Menos egoístas, com certeza. Empáticos sim, como não?
Tas boa, nêga?
Gosto um tanto de sotaques (uns mais outros menos). Alguns parecem ter musicalidade, um ritmo. Ficaria ouvindo um tempão. Nessa viagem a Minas encostei na sombra de uma árvore lá em São Gonçalo do Rio das Pedras (vê que nome mais bonito?!) para ouvir a prosa de quem passava.
“Tem base não”, “Ô aqui procê ver se isso é assim messs”, “Com Deus, viu?” – foram algumas das frases que pesquei da conversa entre duas amigas (suponho, porque uma perguntou pela mãe da outra) que se encontraram na rua uma indo e outra voltando da escola para fazer a rematrícula do filho ou filha.
Racista aqui não tem vez
Semana passada eu ouvi e não quis saber detalhes sobre o assassinato do João Alberto, no Carrefour de Porto Alegre. Não assisti ao vídeo, mas não preciso dele para saber que o racismo matou mais um brasileiro.
O Brasil é um país racista, muito racista, racista demais, racista há muito tempo. Não importamos o racismo de lugar nenhum. Ele nasceu aqui nessas terras quando homens, mulheres e crianças negras foram transformadas em objetos. Ele cresceu e se mantém vivo até hoje porque temos feito pouco para combatê-lo. Leis apenas não resolvem esse problema histórico. É preciso educação.